27.2.10

Festival Para Gente Desanimada



O desânimo não surgiu da melancolia das canções. Esse até é sempre bem-vindo e já era esperado. O desânimo de que aqui quero dar conta, surgiu, por exemplo, da actuação de uma banda/dueto, Matt Valentine & Erika Elder, que apesar de ter um estilo adequado ao evento, pareceu quase sempre desenquadrada de tudo e de todos. Terá sido o próprio ambiente campestre que criaram, de cinzas e pétalas coloridas ao sabor do vento, que os deixou assim tão alheados de tudo e de todos?! Não consegui perceber. Mas percebi o aplauso de alívio que receberam no fim vindo de uma plateia ainda pouco desanimada, mas já a perspectivar uma noite menos boa. Continuo a ser da opinião de que um nome português a abrir o festival, um nome da nova vaga que por aí anda, teria tornado a abertura bem mais feliz. Tal como Noiserv o vai fazer logo. O desânimo continuou a aumentar no concerto seguinte, mas não muito, isto porque Perry Blake cumpriu. Porque Perry Blake cantou Forgiveness. No entanto, talvez tenham faltado aqui alguns instrumentos, pelo menos uma guitarrazinha teria dado mais algum brilho a este espectáculo. Mas contra este formato, voz e piano, nada. Com Bill Callahan, os níveis de desânimo aumentaram exponencialmente. Não pela sua actuação, que foi irrepreensível em todas as canções, embora na primeira, Jim Cain, a voz ainda estivesse a ser aperfeiçoada. Bill Callahan empenhou-se em dar o litro, como é costume dizer-se, mas não teve tempo para dar o litro todo. Ficou-se pelo meio litro, vá lá. Se bem me lembro, apenas oito ou nove canções. Onde nem sequer houve sinal de vida de Woke On A Whaleheart e mesmo com Say Valley Maker que trouxe os tempos de Smog ao palco, a não chegar. Soube mesmo muito a pouco. Sometimes I Wish We Were A Downhearted, foi a mensagem de Bill Callahan para o público que ainda assim tanto o saudou.
Aos desanimados que estiveram ontem e que vão estar esta noite no Festival Para Gente Sentada, os meus votos sinceros de um mais animado serão de concertos.

26.2.10

I got a Feelies



Há quem tenha um feeling. Há quem não se canse de repetir que tem um feeling, tal como eu não me canso de repetir que todos os dias têm The National. Mas eu sou mais discreto e não alinho em gritos de guerra foleiros. Em sentimentos patrióticos foleiros. Por isso mesmo, eu agora tenho os The Feelies. Para desenjoar. Porque nem me quero lembrar do que está para vir. I got a Feelies. Banda de rock americana, daquele rock gingão, de guitarras irrequietas. Rock de fazer abanar a anca, portanto. Não começaram ontem, nem anteontem. Começaram em 1976, com os The Velvet Underground a serem influência máxima. Basta olhar para a capa do primeiro álbum, e reparar no título: Crazy Rhythms. Está tudo dito. Não se importam que repita?! I got a Feelies.


The Feelies - Loveless Love

24.2.10

Todos os dias têm The National #1



Eles vão voltar. Eles gostam de Portugal. Eles gostam do nosso vinho e vão apreciar o bom peixe que Sesimbra oferece, de certeza. Eles gostam das nossas praias. Eu gosto deles. Gosto muito deles. Já todos sabem isso. Há quem diga que o que é The National é bom, e é, mas eu prefiro dizer, e repetir, que todos os dias têm The National. Todos os meus dias. Não me canso de repetir. Não me canso de ouvir.


22.2.10

The Crying Room lá fora



Foi o que sucedeu esta tarde. Ao sair do autocarro, sou recebido lá fora com um aguaceiro tremendo, juntamente com relâmpagos e trovões como há muito não via nem ouvia. Felizmente naquele momento os meus ouvidos captavam mais coisas e no meio da tempestade a voz era de Perry Blake. O som ideal para este cenário, pensei eu. E pensei bem. Já seco, em casa, continuei a ouvi-lo sem parar, desta vez a olhar pela janela. Na sala. Chovia. Do outro lado da casa, alguns raios de sol batiam na janela do meu quarto. Muito timidamente.


Deste belíssimo disco, The Crying Room, destaco, sem dúvida alguma, Forgiveness. Caro Perry Blake, se na próxima Sexta-feira esta música não constar da setlist, não há perdão possível.





Calling Perry Blake

21.2.10

Quando o sonho americano é romeno



Burocracia qb, diplomacia ainda mais qb , um comboio parado, o capitão americano mais bacano do mundo, um presidente de câmara amigo que desconhece a Nato. Fuck Nato, Fuck Bill Clinton, Fuck USA, são palavras de um implacável chefe de estação que apenas se limita a cumprir leis. Greves e manifs. Soldados e mulheres bonitas. Sms´s de amor a meio das aulas, festa, muita fiesta, muito love, um Elvis Presley dos Balcãs a aproximar corações com Love Me Tender e o sonho americano a afastar a nuvem que desde sempre pairou sobre os céus da já de si sombria Capalnita, vila situada no fim do mundo romeno. No fim, Capalnita a ferro e fogo. Fogo de artifício. E eis que o comboio segue finalmente o seu trilho. O comboio azul, igual ao céu de Capalnita. Uma música fabulosa no genérico. Super. Super filme.



19.2.10

Ainda vamos a tempo da Semana B




Fevereiro, o mês mais curto do ano, vai a caminho do fim, mas ainda tem muito para nos dar. A última semana do mês, a semana que está para vir, a semana que tem pressa de chegar ao fim, tem como destaques no seu cartaz cultural, a actuação de dois músicos, dois conceituados compositores (não lhes vou chamar cantautores porque eles podem não gostar), dois magníficos contadores de histórias. A última semana do mês é a Semana B. B de Bernardo Fachada e B de Bill Callahan.


Na próxima Quinta-feira, dia 25, o português B Fachada dará um espectáculo no Teatro do Campo Alegre, no Porto, incluído nas comemorações da 100ª edição das Quintas de Leitura. Para além disto, o cardápio inclui também a actuação dos bailarinos da Vortice Dance Company, um concerto de piano de Raúl Peixoto da Costa, pianista de 16 anos já com bom estatuto na música clássica portuguesa, e as inevitáveis sessões de poesia.


B Fachada


Na noite seguinte, Sexta-feira, todos os caminhos vão dar a Santa Maria da Feira, e com uma certeza, aqui ninguém ficará de pé. É a primeira noite de Festival Para Gente Sentada, pois claro, onde o norte-americano Bill Callahan é cabeça de cartaz, e que contará também com as actuações do dueto também americano/ banda de improviso, Matt Valentine & Erika Elder, e ainda do hiper melancólico irlandês, Perry Blake.


Bill Callahan


Nós Bamos com toda a certeza.





11.2.10

Viva La España









Do país vizinho chegam duas vozes femininas. Chega também com elas um folk puro. Um folk suave e lento. Em dose dupla. Chega Alondra Bentley, nascida em Lancaster, Inglaterra, mas a viver desde muito cedo em Múrcia, cidade onde completou toda a sua formação musical. Com o álbum Ashfield Avenue, Alondra envia-nos directamente para os cenários da planície bucólica americana. Chega Russian Red, que tem Lourdes Fernandéz no bilhete de identidade. Uma espécie de Feist espanhola. Comparação feita pela crítica, não só pelo estilo musical, mas também pelas características fisionómicas. O belíssimo I Love Your Glasses já passou por Portugal, mas ao que parece está para voltar. Alondra Bentley que lhe siga os passos. Se isso se confirmar, cá estaremos para as receber: Bienvenidas chicas.







Red Pony para cantar aos bons velhos tempos





Numa semana em que iniciam a Tour Europeia, os a Jigsaw dão-nos finalmente a conhecer o vídeoclip do single de abertura do novo disco, Like The Wolf. Red Pony foi inspirada na obra The Red Pony de John Steinbeck, que nos transporta para um mundo encantado onde tudo é possível. Um mundo onde até nem é pedido o céu, mas sim a lua. Tal como aquele mundo em que quando éramos miúdos, baloiçávamos num pónei de madeira ao som roufeiro de um Siemens, em casa dos nossos avós. Oh let´s sing of the good old days.


3.2.10




Arquivo