22.6.10

Ao S.João



Ó S.João tripeiro de gema
Vamos lá lançar o tema
Quiseste falar na selecção
Alteraste-me logo o esquema.


Eu queria falar nas tradições
Tu insististe na táctica
Vieste de bola na mão e de calções
Mas apenas deste pontapés na gramática.


Queixaste-te da vuvuzela
Não foste nada meiguinho
Olha a moça aí vem ela
Alho-porro, manjerico e martelinho.


Lançaste um viva à selecção
Para o momento mais desejado
Aqui vai mais um balão
Ó meu Porto iluminado.

17.6.10




A Primavera é
tudo isto e muito mais. Obrigado a todos os que fizeram também deste blogue, a sua Primavera.




A Primavera é um altifalante muito chato.



A paragem do Modelo da Coca-Cola


Cheguei á paragem e começei logo a soltar a celebração. Estou estupefacto com publicidade tão grandiosamente grandiosa. E como diz o teu pai: "Toma-se droga e depois fazem-se coisas destas." Mas eis que chega o 704 e salva-me do sufoco da multidão a celebrar mais um feito histórico dos Navegadores, do sufoco avermelhado da publicidade que ás vezes é tão pegajosa que entra por um ouvido e não sai pelo outro. As paragens de autocarro também já cantam, madness!, e eu continuo a gostar de Coca-Cola.


Na paragem do costume. 9h47. 11/06/2010
A Primavera é uma catrefada de exames pela frente.




O ar que vem de fora é o ar que eu quero cá dentro


O dia acorda triste. A própria chuva não parece contente por ter voltado. No caminho para o trabalho as pessoas dão a ideia de avançar contrariadas. O autocarro parece querer fazer-lhes a vontade. Os semáforos estão mais tempo vermelhos do que verdes. Um homem no banco de trás diz duas vezes seguidas: "É fodido, é fodido." Consegui ouvi-lo quando terminou a música que levava nos ouvidos, Suffering Jukebox dos Silver Jews. "...suffering jukebox in a happy town..." Happy town?! Parece que não. Quando é que voltas, sol?


704. De pé, junto da porta de trás. 9h20. 09/06/2010
A Primavera é o início do Verão a anunciar o S.João.



noite de artistas


não há noite como esta. não há volta a dar. seja com bom ou mau tempo. a bem dizer, o orvalho que começou a cair quando ainda o dia se estava a pôr é parte integrante das tradições desta festa. cheira a sardinha assada. maravilha, vamos a isto. a cidade é o palco. o público, as gentes, são os artistas. que querem música de outros artistas sejam eles quem forem. música essa que está presente em qualquer canto. os artistas, nós portanto, deambulam pelas ruas, ontem escorregadias, empunhando alhos-porros, martelos (que até sobravam desta vez) ou manjericos. aqueles objectos que não podem nunca faltar. ou até mesmo nada. mas quem diz que não acha graça ao martelinho acaba sempre por não resistir. caminham foliões (alguns nem por isso, mas muito poucos) porque a noite a isso obriga. dia 24. céus iluminados. não há noite como esta. aqui e ali, os bailaricos. modernos ou tradicionais. e o orvalho deixa de ser orvalho e engrossam-se os pingos. os bailaricos não param. nem por isso os balões ficam em terra. e os copos enchem mais um bocadinho. a noite parece não ter fim. das fontaínhas aos aliados, descendo para a ribeira e acompanhando o rio por miragaia, massarelos, foz, até ao castelo do queijo. s. joão. o porto tem a melhor noite do ano. palmas aos artistas.



A Primavera é o S.João visto por mim.

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